terça-feira, 21 de outubro de 2008

CONGRESSO PARLAMENTAR INDÍGENA E MULHERES





Achei esse texto e achei pra lá de interessante, fica aqui então, a dica!
Pra ver o site, clica aqui



"A Terra é a nossa mãe. Dela recebemos a vida e a capacidade para viver. Zelar por nossa mãe é nossa responsabilidade e zelando por ela,estamos zelando por nós próprias. Nós, mulheres indígenas, somos manifestações da Mãe -Terra em forma humana.Molestar, destruir, minimizar as manifestações da Mãe- Terra é ir contra a sua natureza, pois na natureza tudo deve fluir, assim como os rios que correm, os mares que enchem e esvaziam, como as cachoeiras que caem, como as pedras que rolam, como os filhotes que nascem e crescem, como a chuva que cai, como as luas que se enchem e vão, como o sol que esquenta e esfria, como a vida humana e animal que brota e transforma-se em húmus para a terra.Ir contra todos esses segmentos é violar o sagrado.A base filosófica de nossas vidas, como mulheres e povos indígenas, nessas 206 nações indígenas brasileiras, com culturas e línguas diferenciadas é o respeito pelo sagrado, pelo que foi criado pela natureza e a mulher faz parte deste sagrado, por isso sua palavra é sagrada, tanto quanto a Terra. E toda a sua cultura e espiritualidade relacionadas ao sagrado humano, deve ser respeitada.

Aqui queremos lembrar as sociedades matriarcais, originais, onde a palavra da mulher era uma força, uma decisão política. Mas o capital, a exploração do homem pelo homem, o egoísmo, a discriminação cultural e filosófica, o poder, a colonização limitaram essa força da mulher. Mas nos últimos dois séculos vemos aqui ou acolá, pipocar um grito estrangulado de uma mulher indígena, um grito estrangulado, mas determinado, como é o caso de alguns desses gritos pelo Brasil afora, resultando nas organizações de base dessas mulheres.E essas mulheres vêm transformado-se em educadoras, reprodutoras, agentes transformadoras da sociedade em que vivem.

Muitas delas como a primeira prefeita no Brasil, a índia Potiguara, enfermeira Iracy Cassiano ( popularmente chamada de Nancy), foi uma vitória no início da década de 90, mas que esbarrou em obstáculos históricos , políticos e culturais, assim como a organização de mulheres indígenas (Grumin) esbarrou, porque ali se formava com seu precioso apoio.A Associação de mulheres indígenas de Manaus foi criada para aglutinar mulheres imigrantes de suas terras originais e que só tinham como opção de trabalho, labutar como empregadas domésticas nas casas dos coronéis ou cair nos prostíbulos ou servir ao tráfico internacional.As aldeadas continuavam a servirem aos militares ou sofrer as violências oriundas das invasões de terras indígenas."

texto ELIANE POTIGUARA

quarta-feira, 15 de outubro de 2008

De Xamanismo e Ecofeminismo



Esse texto eu encontrei pesquisando na net, e traduzi pra postar aqui. Se tiver algum erro ou dúvida, postem nos comments que eu corrijo!



Ecofeminismo e Xamanismo

por Gloria Fernan Orenstein

O folclore e as culturas estudados/recordados no ecofeminismo são considerados lendas ou mitos, as histórias que fazem parte de tal cultura frequentemente contém lições que nos faria bem se nos dispormos a compreendê-las. É preciso lembrar que procuramos por mais que apenas proteção espiritual, e estarmos sempre cientes dos riscos que envolvem trabalhar com pessoas de poder. Elas costumam ser muito humanas , e, parecido com os não-xamãs, tendem a abusar do poder. Acima de tudo, é preciso parar de banalizar o plano espiritual. Nós devemos praticar tais rituais certos de que seus efeitos são reais e que através deles nos comunicamos diretamente com outros planos. Mais importante que desnudar uma cultura estrangeira e suas posses espirituais, nós devemos começar a contribuir para a sobrevivência delas.
Precisamos começar a estabelecer padrões para a prática do Xamanismo, com o intento de proteger a população do charlatanismo e “new agers”, que nada sabem sobre o plano espiritual, e muito menos sobre consciência humana e psicologia, Os “new agers” não reverenciam exatamentea Terra (eles mais a “estupram” em busca de cristais para serem comercializados), e nem mesmo respeitam o feminismo. Um xamã “new ager” pode facilmente levar um neófito apaixonado e curioso a um estado de sérios danos mentais, ou simplesmente propagar a ignorância, a arrogância e falta de qualquer responsabilidade, que é característico da tagarelação que aparece em tais organizações. É preciso manter em mente que o Xamanismo é tão sério quanto uma cirurgia.
Nós nos permitiríamos ter o cérebro ou o coração operados por alguem não-treinado numa faculdade de medicina? Da perspectiva ecofeminista sobre ética, não devemos nunca esquecer o fato de que a misoginia e o dualismo enraizado na cultura branca-ocidental é responsável pela exploração tanto da Mulher quanto da Natureza. Por outro lado, não precisamos também nos afogar em culpa a ponto de arriscar nossas vidas. Devemos criar uma forma de equilíbrio em que possamos honrar as culturas não-Ocidentias e nós mesmas por todos os benefícios, enquanto mantemos constantemente uma posição crítica diante de toda forma de abuso de poder. Se levarmos as lições do Xamanismo a sério, e se revisarmos a nossa Cosmologia a tempo, se nós praticarmos o ecofeminismo de forma ética, honrado tanto o plano material quanto o espiritual, então, eu espero, que haja verdadeira esperança para que possamos nos curar e curar nossa Terra-Mãe.

Gloria Feman Orenstein é Professora de Literatura Comparativa e Coordenadora do Programa de Estudo de Mulheres e Homens na Sociedade, na Universidade da Califórnia, autora de "Theatre of Marvellous" e co-editora de "Reweaving the World: The Emergence of Ecofeminism" (inédito no Brasil pelo que pequisei, mas que em breve estará na minha coleção!)

quinta-feira, 2 de outubro de 2008

Ártemis 1



Esse texto é o segundo "feito à mão" que posto...serve aqui de experiência, pra ver se me faltou algo, e se bate com o resto que tenho a acrescentar...de qualquer forma, se tem alguém que eu me entendo bem é com ela, a Caçadora, a Deusa...Ártemis!




Com os séculos de patriarcado, a Mulher em sua essência foi vítima de uma tentativa esforçada de sufocamento. Felizmente, nos últimos anos, com o movimento so Sufrágio Feminino, e outros movimentos importantes, como o Feminismo e o Eco-feminismo nos anos 60, acabaram por “ressuscitar”, se é que esta palavra é adequada para explicar o que aconteceu e vem acontecendo com o espírito feminino. Ainda hoje há sim, tentativas de sufocar-nos, de nos domesticar (já que o tema da palestra é a Deusa Caçadora) de forma “passiva”. O nosso objetivo hoje é relembrar tais Deusas e despertá-las dentro de nós, e assim, despertando a nossa essência, já que é bem sabido, a Espiritualidade Femina e seus arquétipos orientam a nós, mulheres para dentro de nós mesmas. Mente, corpo e espírito são as nossas 3 espirais essenciais, e estas precisam estar em equilíbrio, sempre, e é bom lembrarmo-nos sempre de que apesar de nossa individualidade, nenhuma de nós, apesar de ser latente Ártemis, Atena, Hera, o que seja, todas nós carregamos na essência, no espírito, uma chama do que é a essência feminina, a fêmea, instintiva e provedora. Toda nós morremos e renascemos todo mês.



2.Mulheres Ártemis – A Mulher “Bixo-do-Mato”

A Deusa Ártemis atualmente não é lá muito notada. Isso se deve, principalmente, por que não é o lugar dela. Artemis é uma Deusa “rural” uma verdadeira “bixo-do-mato”. A nossa urbe com seus valores de ascenção social e valores materiais não oferecem conforto nenhum para Ártemis, ao contrário de sua irmã Atena. Esta também acabará por ser bastante mencionada justamente por ser ao mesmo tempo, tão parecida e tão oposta á irmã. Atena age mais no plano mental, é a mulher intelectual, enquanto Ártemis é mais atenta ao material, não na riqueza e luxo de Afrodite, mas ás plantas, a terra e os animais. Por isso, nas grandes metrópoles, a mulher-Ártemis pode parecer até um tanto recatada, mas na verdade, ela raramente é notada, justamente por não estar em seu “habitat”. É bastante simples, imagine um lobo capturado de seu habitat e colocado para ser criado em um bairro residencial. Por isso, costumo dizer que mulheres que possuem a essência de Ártemis latente em sua personalidade costumam ser bixos-do-mato. Podem até conhecer muitas pessoas, mas poucas a conhecerão de verdade, pois a tendência é ela se mostrar recolhida, amuada, ou, na mais pesada hipótese, uma mulher brava e antisocial. Outra característica comum de mulheres-ártemis é a apresentação, sim, a forma de se vestir. Ela não costuma usar os trajes sérios e neutros de uma profissional/intelectual como Atena, muito menos vaidosa, notória como a Afrodite. As roupas que em nossa sociedade obviamente representam o status, no caso de mulheres-Artemis, é simplesmente banal e não lhe é em nada importante.
Isso se deve ao fato de as mulheres-Ártemis estarem ligadas muito superficialmente á civilização (vejam bem, não estou de forma alguma dizendo que isso é errado, até mesmo pq eu sou uma, hehehe). A mulher Ártemis não se sente à vontade na cidade pois seu lugar é nas florestas, campos, no mato. Mesmo sendo ajustada, empregada e aparentemente bem-ajustada á civilização (não se esquecendo que é superficialmente), a mulher Ártemis facilmente “escapa” de tempos em tempos, ou na primeira chance, feriado ou fim-de-semana para alguma praia, cachoeira, fazenda. Ela pode até mesmo se ajustar na civilização apenas para garantir um sítio, onde cuidará de galinhas entre outros animais, e de hortas no final de semana. Essa é uma observação interessante, pois nota-se aí a mistura de essências: o plano de Atena (trabalhar, guardar o dinheiro) e Ártemis (o objetivo, o sítio/fazenda em sua mira tal como um animal na mira de sua flecha).(continua...)