quarta-feira, 4 de fevereiro de 2009

Quarta é dia de Mercúrio (Hermes)



Assim que veio ao mundo, o precoce Hermes, filho de Zeus e da ninfa Maia, fugiu do berço assim que sua mãe adormeceu. O jovem tinha um plano, uma provocação, em mente. Assim, saiu, pela primeira vez, da caverna onde nascera, na Arcádia e andou até Tessália. Seu objetivo era o rebanho real, que àquela hora da madrugada, era pastoreado por Apolo.
Mas o deus da música estava entregue a outras atividades e havia deixado de lado seu trabalho quando seu jovem chegou. Hermes roubou 50 cabeças de gado e as conduziu cuidadosamente de volta a sua terra natal, tomando todas as precauções para não ser descoberto e, além de tudo, amparado pelo fato de que ninguém poderia desconfiar de um recém-nascido como ele.
A tarefa lhe parecia muito divertida até que deparou-se com o pastor Bato. Desconfiado de que o velho arruinaria sua brincadeira, subornou-o, oferecendo-lhe um bezerro. Mesmo assim não se convenceu de que estava seguro. Então, com a desculpa de guardar as vacas antes de trazer o prêmio, foi até uma caverna e transformou-se num pastor, indo até o homem e oferecendo um novo suborno caso este soubesse do paradeiro das vacas. Vendo-se delatado, pois Bato não o reconhecera, transformou-o em pedra. Mas isto não impediu que fosse descoberto por Apolo, que levou Hermes à presença de Zeus e exigiu a devolução do rebanho.
Zeus ordenou a Hermes que confessasse o roubo e devolvesse os animais. Os dois irmãos teriam entrado numa disputa férrea através dos tempos se Apolo não tivesse visto um instrumento sem igual inventado pelo irmão, que começara a tocá-lo displicentemente. Era a lira, feita do casco de uma tartaruga que emitia um som maravilhoso.
Apolo pensou em negociar as vacas roubadas, trocando-as pelo instrumento. Hermes achou pouco para tal maravilha. Foi-lhe então oferecida uma varinha mágica que transformava o que tocasse em ouro. Apolo ganhou a lira e Hermes o caduceu, que se tornaria um de seus símbolos. Os dois irmãos se reconciliaram para sempre e tornaram-se inseparáveis. Mas mesmo perdoando o irmão, Apolo, lhe deu o nome de rei dos ladrões, que o acompanhou por toda a história.

Hermes, mensageiro dos Deuses e protetor do comércio

Hermes era filho de mais uma das infidelidades de Zeus, com a ninfa Maia. Mas ao contrário da maioria de seus irmãos bastardos, ganhou a simpatia de muitos imortais. Até mesmo Hera, que costumava ser implacável para com os frutos das traições do marido, foi amável, chegando a alimenta-lo com seu próprio leite. Hermes teve vários filhos, entre eles o Hermafrodito, com Afrodite, e Pã, como Driopéia, ou Penélope.
A origem mais provável de seu culto é a Trácia, mas este difundiu-se rapidamente entre os pelasgos, habitantes primitivos da Grécia. Em princípio era venerado, sobretudo, por pastores, protegendo desde suas cabanas até seus animais. Representava também a fertilidade, juntamente com as deusas Deméter, ou Ceres, e Afrodite, ou Vênus.
Com o passar do tempo, Hermes foi perdendo suas atribuições pastoris, transferidas em grande parte para um dos epítetos de Apolo, o Apolo Nômio. Ao mesmo tempo, tornou-se o protetor dos viajantes, que vagavam por estradas incertas e perigosas. As hermas, blocos de pedra que tinham como função indicar o rumo das localidades acabaram se tornando símbolos do deus e sendo esculpidas com suas formas. São também a provável origem do nome do deus.
Como as estradas gregas serviam principalmente às atividades comerciais e os helênicos eram conhecidos por sua esperteza e até mesmo uma certa falta de escrúpulos nos negócios, Hermes ganhou a função de proteger não só o comércio, como também os ladrões. Astuto como era, o deus não poderia servir melhor a este fim. Seu discurso convincente transformou-o também, sob o epíteto de Lógio, no deus da eloqüência. Com todas estas qualidades é compreensível que tenha recebido as funções de mensageiro e portador das ordens de Zeus, mesmo as menos nobres.
Como arauto dos deuses, participava de todos os negócios, ocupava-se da paz e da guerra, das brigas e amores dos deuses, dos interesses gerais do mundo no céu, na terra e nos Infernos. A energia de que precisava para levar rapidamente as mensagens e ordens divinas pelos cantos mais remotos do mundo, o tornaram o deus da juventude e da agilidade viril, patrono dos esportistas, muito cultuado em ginásios. Inventor da lira, era também adorado por poetas e cantores e honrado juntamente com Apolo, ambos protetores da música. Mais tarde passou a ser considerado o criador de ciências como a matemática e a astronomia. Um deus com qualidades tão práticas faz com que alguns estudiosos pensem que Hermes pode ser a representação de algum homem admirável de diversos talentos.
Ninguém morria sem que antes Hermes tivesse cortado os laços que uniam a alma ao corpo. Ganhou ainda a função de conduzir os mortos ao Hades, último descanso das almas, sendo freqüentemente adorado em festas que homenageavam os mortos e perto de tumbas. Era também o deus dos sonhos, a quem os gregos ofereciam a última libação antes de dormir.
Seu culto era extremamente importante para os gregos, personificando a passagem e a mudança. Para os antigos, Hermes tinha a função de levar aos deuses as preces dos mortais e aos mortais os favores divinos. Era também ele quem conduzia as almas ao Hades, reino dos mortos, fazendo a transição entre a vida e a morte. Como deus do lucro, propicia as trocas não só comerciais como as obtidas através de roubos. Deus da eloqüência e dos tratados, faz passar ao espírito dos outros o pensamento de um orador ou de um legado. Para os gregos, seu nome significa intérprete ou mensageiro.
Suas representações mais antigas são o falo, por conta de suas atribuições férteis, e as hermas, representantes de sua proteção aos viajantes. Uma das características mais marcantes, e que aparecem mesmo nas representações mais primitivas, são as asas nos pés e no chapéu, o petaso, o que o ajudaria a correr mais rapidamente contra o vento e o caduceu, um bastão com poderes de distribuir bênçãos e prosperidade, transformando tudo o que tocasse em ouro.
A evolução do culto a Hermes e os atributos que adquiriu ao longo da história tornaram-no propiciador da fortuna e acabaram por fazer com que os romanos, a partir do século V a.C., o associassem ao deus Mercúrio, deus dos mercadores. Em Roma, grande pólo de negócios, tornou-se muito venerado. Seu primeiro templo ficava no centro do comércio fluvial da cidade, às margens do Rio Tibre, no Circo Maximo.
A palavra Mercúrio deriva da mesma raiz das palavras comércio, mercado e mercenário, do latim merx, ou mercadoria. A índole comercial dos antigos gregos e romanos se mostra em representações do deus. Muitas vezes, Mercúrio foi representado com uma bolsa em uma das mãos e, na outra, um ramo de oliveira e uma clava, o primeiro, símbolo de paz, útil ao comércio, e o segundo, da força necessária ao tráfico.
Especialmente venerado em Creta, outro centro comercial, seu culto atraía especialmente pessoas ligadas ao comércio, que ofereciam línguas ao deus, simbolizando sua eloqüência. Mercúrio possuía também um oráculo em Acaie, onde acontecia uma cerimônia na qual o devoto dizia ao ouvido do deus o que se desejava. Em seguida saía do templo com as orelhas tapadas com as mãos. As primeiras palavras que se ouvissem eram a resposta de Mercúrio. Seus mais importantes festejos aconteciam no dia 15 de maio, quando os mercadores sacrificavam animais rogando ao deus de proteger o seu comércio e de perdoar-lhes as pequenas velhacarias.

Mercúrio inventou a lira no mesmo dia em que nasceu. "Mal saiu do seio materno, não ficou envolto nos sagrados cueiros; pelo contrário, imediatamente ultrapassou o limiar do antro sombrio. Encontrou uma tartaruga e dela se apoderou. Estava ela na estrada da gruta, arrastando-se devagar e comendo as flores do campo. Ao vê-la o filho de Júpiter alegra-se; pega-a com ambas as mãos, e volta para a sua morada, com o interessante amigo. Esvazia a escama com o cinzel de brilhante aço e arranca a vida à tartaruga. Em seguida, corta alguns caniços, na medida certa, e com eles fura o costado da tartaruga de escama de pedra; em volta estende com habilidade uma pele de boi, adapta um cabo, no qual, nos dois lados, mergulha cavilhas; em seguida, acrescenta sete cordas harmoniosas de tripa de ovelha.
"Terminando o trabalho, ergue o delicioso instrumento, bate-o com cadência empregando o arco, e a sua mão produz retumbante som. Então o deus canta improvisando harmoniosos versos, e assim como os jovens nos festins se entregam à alegria, ele também conta as entrevistas com Júpiter e a formosa Maia, sua mãe, celebra o seu nascimento ilustre, canta as companheiras da ninfa, as suas ricas moradas, os tripés e os suntuosos tanques que se encontram na gruta." (Hino homérico).
Mercúrio, deus do Comércio
Desde o nascimento possuíra Mercúrio o gênio da permuta, e é por isso que é o deus do comércio. A arte o caracteriza, então, pela bolsa segura pela mão. O emblema é o mesmo que o que se atribui ao deus dos ladrões; mas em vez de aparecer sob as feições de um menino que acaba de fazer uma peraltice, apresenta a grave fisionomia de homem que refletiu e pesa o valor dos atos.
Considerado como deus do comércio e da permuta, Mercúrio segura habitualmente uma bolsa: traz o mesmo atributo quando é deus dos ladrões, mas neste caso está representado com as feições de menino que sorri maliciosamente, por alusão às aventuras que lhe assinalaram a mais tenra infância.
Mercúrio preside aos exercícios. Mas sob tal aspecto, a arte lhe modifica o caráter; não traz mais o capacete e as asas, e se apresenta inteiramente nu sob o aspecto de vigoroso efebo, que ocupa o lugar médio entre o caráter delgado de um Apolo e o caráter robusto de um Hércules.

A multiplicidade das funções de Mercúrio é verdadeiramente extraordinária, e o mais ativo dos deuses chega às vezes a lamentar-se. "Há, por acaso, um deus mais infeliz do que eu? Ter, sozinho, que fazer tanta coisa, sempre curvado ao peso de tantos trabalhos! Desde o romper do dia, devo levantar-me para varrer a sala do banquete; depois, quando já estendi tapetes para a assembléia e pus tudo em ordem, preciso ir ao pé de Júpiter, a fim de levar ordens à Terra, como verdadeiro correio. Mal regresso, ainda coberto de pó, devo servir-lhe a ambrósia, e antes da chegada do escanção, era eu quem lhe dava o néctar. O mais desagradável, porém, é que, único entre os deuses, não fecho olho durante a noite, pois tenho de conduzir as almas a Plutão, levar-lhe os mortos e sentar-me ao tribunal. Os trabalhos do dia não têm fim; além de assistir aos jogos, de fazer o papel de arauto nas assembléias, de dar aulas aos oradores, encarrego-me, simultaneamente, de tudo quanto diz respeito às pompas fúnebres." (Luciano).

Correspondências:

Dia da semana: Quarta-feira
Atuação: Negócios, comunicação, eloquência, estudos, viagens.
Ervas: Majerona, Lavanda, Salsa, Orégano, flor de laranjeira, menta, crisântemo (flor)
Número (não costumo usar, mas...): 8
Vela: Amarela (ou roxa)

Sugestão de uso: recomendo que se leia sobre o mito, pesquise mais a fundo. Procurar no google por :mitologia e Hermes ou Mercúrio sempre dá um bom resultado. O que foi publicado aqui é fruto de tais pesquisas.
Para usar a tabela de correspondências para um ritual ou meditação, a dica é: fazer o ritual no dia indicado (no caso hoje, quarta-feira), não esquecendo nunca das correspondências das quatro direções (leste, oeste, sul e norte) com os quatro elementos (ar, água, fogo e terra, respectivamente), e, tendo já conhecido um pouco sobre o mito, “atraia-o” para sua vida. Isso é facilmente conseguido com Hermes, afinal, ele mesmo é o Deus da comunicação, da arte da eloquência. Então, o negócio é respirar fundo, se concentrar na respiração, e visualizar o que ele representa a você, o que se espera dele. A inspiração costuma ajudar nessas horas, mas sempre, se tiver alguma dúvida, é legal perguntar antes a alguém que conheça mais do tema, ou fazer uma pesquisa mais apurada. Aqui eu posto a dica...qualquer coisa, basta me perguntar!
Obs: Sobre ervas, incensos e essências: fica a critério seu usar a correspondência numerológica (por exemplo, queimar 8 folhas de manjerona, ou colocar 8 flores de crisântemo no altar). Particularmente, eu não consigo imaginar uma divindade se aproximando de nós e contando se a oferenda foi feita em número certo, então, como disse, é a critério de cada um. Pode-se ofertar para a divindade a erva, ou queimando um incenso. Como Hermes tem muita ligação com o elemento Ar, acho uma boa queimar um incenso da erva correspondente. Se preferir ofertar apenas as ervas, lembre-se de depois do ritual, deixá-las em um jardim, ou praça, a Mãe Terra agradece!

Dúvidas? Comments, ou email eu: lobinhaleleka@gmail.com

2 comentários:

v disse...

Oi li um pouco do texto e gostei ^^
se quiser mais informações sobre Hermes, ou até sobre outras mitologias, visite o meu blog:

blog-do-hermes.blogspot.com

espero q goste =D

Unknown disse...

Parabéns pelo comentário, muito bom .